sábado, 30 de maio de 2009

Amanhã: Funchal - Porto Santo

Amanhã, às 10 horas da manhã, Frederico Rezende efectua um dos últimos grandes percursos de treino para a travessia. Sai da Marina do Funchal rumo ao Porto Santo. Uma oportunidade única para testar a mota e o físico antes da largada para a maior aventura.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Madeira - Porto Santo

Este fim de semana, mais um teste de mar: Madeira-Porto Santo em mota de água. Em data e hora que colocarei aqui quando estiver definida.

Outros aventureiros: Álvaro de Marichalar

Na história das grandes travessias em mota de água, um nome é incontornável: o espanhol Álvaro Marichalar. Que detém os recordes mundiais para as maiores travessias.

As viagens têm características diferentes daquela que se pretende fazer para ligar a Madeira a Canárias. Álvaro faz as suas travessias por etapas. Mas devem ser relevadas por todos os amantes desta modalidade.

Entre as suas proezas contam-se a ligação entre Barcelona (Espanha) e Odessa (Ucrânia). Cerca de 3.000 milhas cumpridas em 13 etapas. O roteiro foi este:


BARCELONA (Espanha) - Bandole (França) - Mónaco - Génova (Italia) - Roma (Italia) - Nápoles (Italia) - Messina (Italia) - Santa Maria di Luca (Italia) - Pátrai (Grécia) - Atenas - (Pireu, Greece) - Istambul (Turquia) - Varna (Bulgária) - Constanta (Roménia) - ODESSA (Ucrania).

A prova foi cumprida em menos de um mês, em etapas relativamente curtas. A maior foi a travessia do Mar Egeu, entre Atenas e Istambul. Cerca de 350 milhas, nagegando, contudo, com terra à vista.

Mas Marichalar era já detentor do recorde para a maior travessia do mundo quando, em 2002, ligou Roma a Nova Iorque.

Uma aventura feita entre Fevereiro e Julho de 2002, que incluíu cerca de 50 etapas, com alguns dias de descanço e uma média, em dias de navegação, de 180 milhas náuticas.

Assim termina a viagem de Marichalar:

-"Guarda Costas de los Estados Unidos a embarcación no identificada ¿me recibe?"
-"Aquí NUMANCIA. Le recibo fuerte y claro"
-"Repita el nombre de su embarcación"
-"NUMANCIA"
-"Bandera?"
-"Española"
-"¿Eslora?"
- "Dos metros y medio"
-"¿Manga?"
-"Noventa centímetros"
- "¿Donde se dirige Señor?"
-"A Nueva York"
-"¿Puerto de procedencia?"
- "Roma.."
-"Sea bienvenido a entrar en Nueva York, navegante español, prosiga a toda máquina y ¡¡enhorabuena!!"

terça-feira, 26 de maio de 2009

A dieta necessária

A preparação para o Raide CEPSA Madeira-Canárias incluíu uma dieta rigorosa que, por curiosidade, aqui deixamos:

Primeiros 15 dias antes da viagem, Frederico Rezende teve de começar um regime de alimentação com massas fundamentalmente, sem muitos aditivos como sejam carne ou peixe, mas com componentes vegetais, como tomate por exemplo. Sopas feitas com vegetais e pouca batata foram também indicadas.

O piloto teve ainda de iniciar um regime de hidratação com líquidos - água, predominantemente, sumos naturais em menor quantidade, com os frutos citrinos, acrescidos de kiwi.

Os líquidos tiveram de ser tomados exclusivamente fora das refeições, em quantidades aproximadas de 2l a 2,5l/dia!

Nos três dias antes da prova, continuando o mesmo regime, Frederico Rezende terá de introduzir mais líquidos e menos massas, com sopas líquidas só com vegetais na sua composição; introduzir papas a gosto, confeccionadas com água ou leite.

Durante as 15 horas em cima da mota de água, a alimentação será constituída de papas feitas com água, massas muito simples em pequenas doses, sem queijo ou carne ou peixe, e hidratação com água com Dioralyte ou Redrate, mais UL250.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Mota

A mota está já preparada. Trata-se de uma Yamaha FX Super High Output. Quais são as razões para a escolha: primeiro porque já conhece parte do caminho! Falando a sério: esta mota é das poucas no mercado que me oferece segurança no que à fiabilidade diz respeito. Não me passaria pela cabeça fazer uma aventura destas sem ir descansado quanto a esse assunto. Outra das razões diz respeito ao seu baixo consumo, pois consegui com um depósito de gasolina fazer metade da distância às Selvagens. E também porque a mota já está equipada com os sistemas de navegação e segurança que foram por nós adaptados. De realçar que em termos mecânicos e de casco a mota está completamente original, não tendo sido necessário fazer qualquer alteração.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O gosto por superar desafios

Tenho 46 anos. Sou casado e tenho duas filhas. Sou Engenheiro Mecânico de formação e tenho como hóbi o mar. Enquanto piloto de competição, e velejador, consegui alguns resultados que considero agradáveis:

– Campeão Regional de mota de água em 2007
3º lugar no Campeonato de 2008
Campeão da Taça da Madeira em mota de água em 2008
Campeão regional de Vela em cruzeiros em 2008 e em 2009

O que ainda me faz correr, perguntou-me recentemente um jornalista.

O gosto por superar desafios. Foi esta a minha resposta. É assim que me sinto agora, na recta final da preparação para o Raide Madeira-Canárias.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Em 2008, a primeira grande aventura: Madeira-Selvagens

A ideia de unir os arquipélagos da Madeira e de Canárias em mota de água, uma travessia de 260 milhas náuticas (aproximadamente 500 quilómetros) surgiu-me depois de, em 2008, ter atravessado o mar que separa a Ilha da Madeira do Arquipélago das Selvagens. A aventura significou a obtenção de um recorde da maior travessia feita no Atlântico norte. Fiquem com o diário dessa viagem:

Fita-de-tempo – 20 Jul 08

Às 07:45 horas do dia 20 Jul 08 estava já praticamente reunida a tripulação da Embarcação de Recreio (ER) “Onda Azul II”, composta pelos:

Proprietário e Comandante: Gil Freitas

Representantes do Clube Naval do Funchal: Joaquim Silva – Vice-Comodoro, com as funções de Navegador

Mafalda Freitas – Directora do Departamento Actividades Subaquáticas e Pesca Desportiva, com essas funções de Mergulhadora

Enfermeira – Flávia Mendonça

Mecânico – Fábio Santos

Com o intuito de gravar para a posteridade, faltava só o embarque do profissional da RTP Madeira, que ficou logicamente com a tarefa do registo vídeo desta epopeia, Tony Alves.

Já com todos a bordo, iniciamos a operação de largado da Marina do Funchal tendo em vista um só objectivo, a segurança do Piloto do Clube Naval do Funchal, cumprindo à risca o NavPlan traçado na Carta de Navegação, assim como todos os procedimentos estabelecidos para o efeito, dando-se logo pelas 08:00 horas o ATD (Actual Time Departure) do “Onda Azul II”, ao Centro de Comunicações da Marinha de Guerra Portuguesa, na Madeira.

Já com o Navio Patrulha “Cacine” a cerca de 25 Milhas Náuticas (MN) a Sul da Madeira e sem nunca perder o Piloto de vista, o qual se deveria manter na esteira do “Onda Azul II”, foi este alvo de uma manifestação de motivação por parte de meia dúzia de Pilotos da modalidade, que assim o apadrinharam na largada da Baia do Funchal.

A uma velocidade de cerca de 19 nós, tentamos às 09:00 horas cumprir com o planeamento através da comunicação mútua das posições entre o Navio Patrulha e a ER “Onda Azul II”, contudo tal só foi possível com o Centro de Comunicações da Armada, tendo-se assim iniciado parte dos procedimentos estabelecidos entre ambas as partes.

Dada a distância de terra, mais de 36 MN e ao Navio Patrulha a cerca de 20 MN, e cumprindo sempre o QSO de hora em hora, só conseguimos comunicações com este por volta das 11:00 horas. Contudo dado que as mesmas estavam a chegar à “Onda Azul II” entrecortadas, o que não acontecia no “PACINE”, acordamos realiza-las meia hora mais tarde, onde já estaríamos numa posição (PSN) mais próxima.

Pelas 11:30 horas já estávamos a uma distância mais curta o que permitiu estabelecer comunicações “altas & claras”, tendo sido dadas as posições e sossegada a Guarnição e
convidados do Navio Patrulha, pois na posição das 11:00 horas estava a “Onda Azul II” a cerca de 3 MN para Leste do NavPlan, devido a uma interferência no sistema de navegação, com o Piloto Automático a não reconhecer a informação da Ploter GPS, facto este detectado de imediato, mas que levou o seu tempo a tentar perceber, para que fosse solucionada, o que acabou por não se conseguir.

Dado que não conseguíamos sincronizar nem detectar a anomalia, mais tarde reconhecida devido a uma caixa de ferramenta que se deslocou para junto de um dos componentes deste sistema, procedeu-se ao controlo mais apertado na confirmação do NavPlan por forma a corrigido o erro, pelo que na posição das 12:00 horas o planeamento já estava novamente a ser cumprido.

Por volta das 12:30 horas, com cerca de 80 MN percorridas, procedeu-se ao 1º reabastecimento, numa operação que se previa complicada mas que ocorreu sem sobressaltos de maior, muito devido à ondulação que não chegava a 1 metro e ao vento de fraco, assim como à destreza da Mergulhadora que fixou o gato à Mota de Água, que ligado a um cabo serviu para que o Navegador não permitisse que esta se afastasse da “Onda Azul II” e passasse a mangueira de forma a que não ficasse molhada.

Com a destreza do Comandante, a rapidez do Mecânico, a operação de trasfega de cerca de 70 litros de gasolina, efectuou-se em menos de 5 minutos e plena de sucesso.

Esta paragem foi também aproveitada pelo Piloto para repor as energias, com um lanche de mar preparado pela Mergulhadora, seguindo à risca o conselho médico do responsável pela componente física do Piloto.

Prosseguida viagem, sempre com cuidados redobrados com o cumprimento do NavPlan e com a segurança do Piloto, alcançamos a posição do Navio Patrulha às 15:25 horas, onde os elementos da Guarnição e Convidados brindaram o Piloto com uma ovação, sessão fotográfica e felicitações que o levaram a elevar a moral, ao qual lhes respondeu com algumas evoluções com a Mota de Água, dignas de registo.

Após cerca de 15 minutos, e depois dos cumprimentos entre os dois Navios, foi o Comandante do “PACINE” informado da intenção da “Onda Azul II” aumentar a velocidade, por forma a precaver uma eventual paragem para reabastecimento.

Tal como previsto, e já com as Ilhas Selvagens como plano de horizonte, pelas 16:00 horas procedemos ao 2º e último reabastecimento, operação esta que decorreu na maior da normalidade e no mesmo tempo da anterior, só que desta vez sem o “reabastecimento” do Piloto, pois o grau de excitação por ter as Ilhas à vista era tal que o levou abandonar a esteira da “Onda Azul II” e lançar-se no último e derradeiro lanço.

Pelas 16:40 horas locais, estava conquistado o objectivo do Eng. Frederico Resende que hasteando a Bandeira do Clube Naval do Funchal, entrava nas águas do fundeadouro da Selvagem Grande, feito este inédito e que com muita perseverança dava por alcançado.

Às 17:00 horas locais dava o “Onda Azul II” ATA (Actual Time Arrived) ao fundeadouro da Selvagem Grande com o Navio Patrulha a iniciar a manobra de amarração à bóia, uma hora mais tarde.

Em termos de fita-de-tempo, do trajecto Madeira – Selvagens temos:

08:00 - ATD Porto do Funchal
09:00 – QSO VHF com CENCOMARMADEIRA
10:00 – QSO VHF com “PACINE” (entrecortado dada a distância)
11:00 – QSO VHF com “PACINE” (entrecortado dada a distância)
11:30 – QSO VHF com “PACINE”
12:00 - QSO VHF com “PACINE”
12:30 – 1º Reabastecimento
13:00 - QSO VHF com “PACINE”
14:00 - QSO VHF com “PACINE”
15:00 - QSO VHF com “PACINE”
15:25 – Mesma PSN do “PACINE”
16:00 – 2º Reabastecimento
16:40 – ATA Mota de Água à Selvagem Grande
17:00 – ATA “Onda Azul II” à Selvagem Grande
18:00 – ATA “PACINE” à Selvagem Grande

O inicío de uma aventura

A partir de hoje, este blog começará a informar sobre a grande aventura que me preparo para levar a cabo: unir o Funchal, no arquipélago da Madeira, a Santa Cruz de Tenerife, no arquipélago das Canárias, em mota de água. Siga aqui os preparativos. Se quiser enviar-me uma mensagem de incentivo, ou comunicar-me qualquer coisa, o endereço de correio electrónico é este:

cepsamadeiracanarias@gmail.com

Beim hajam!